Exatos três dias. É o tempo ao qual nem se quer toco nessas páginas. Escrever fazia era comum do meu feitio. Hoje, não mais. Uma terapia há muito deixada de lado pela constante falta de tempo e questões que envolviam a minha vida pessoal e por vezes a estudantil. Os poucos espaços e folhas preenchidas se resumiam no meio dote ─ carregar sempre pensamentos cheios de eloquência ─ misturado aos meus delírios. Pergunto-me por vezes quem sou, praticamente acompanhado de um questionamento frequente que circunda se isso tudo faz parte da realidade. Poesia ou verdade? É verídico que tudo anotado tem fundamente. Ao mesmo tempo, vejo que apenas faz parte de algo intimidado e que por fim, não existe. Bastará ao menos, deixar em meio a minha caligrafia, minhas palavras.
“
Maldição! Pude jurar perante minhas divindades que como nunca, os temidos vinham ao meu redor. Meus demônios. Como deixei com que eles tomassem posse total da minha mente? A insanidade agora faz parte de mim. O pobre fajuto és teu
funeral, tua verdadeira faceta. A popularidade o deixou e as ações criminosas o tomara. É sabido, afinal. Um sempre deve morrer para que outro tome seu lugar de direito neste amaldiçoado mundo.
”
Não mais realidade, não mais imaginação. Apenas uma mente confusa e ausente de espaço para sua brilhante capacidade, deveria pensar.
***Como de costume no amanhecer de todos os dias, meus afazeres eram básicos. Definidos por atividades e uma linha perfeitamente organizada que nem mesmo pareciam me caracterizar como membro da atual fraternidade a qual presido. De primeiro, após me alimentar devidamente no café, partindo para uma breve corrida ao redor da extensa área que formava a zona sul do campo. O tempo ainda era longo para alguns outros afazeres. Ainda sim, me contentava em tirar um descanso ou mesmo ler algo antes que as aulas iniciassem ─ o meu segundo afazer, é óbvio.
A minha pele ainda se encontrava gotículas de água. O cabelo, parcialmente úmido. Encontrava-me em quarto. A toalha jogada em um quanto qualquer enquanto ainda procurava algo que definisse a ocasião. Não precisei de nada elaborado. Seria uma aula comum. Então por que a procura? Ora bolas, estar vestido não pode ser dito como algo frequente. Então saber aonde estavam boa parte das minhas camisas ou mesmo qualquer outra peça, era algo demasiadamente difícil.
***─ Caramba, preciso decidir tanta coisa e dar resposta ainda hoje. ─ Comentei enquanto visualizava a série de anotações deixadas no celular. Eu caminhava enquanto meus dedos percorriam juntamente com os olhos para acompanhar a leitura da tela. Minha atenção era praticamente toda voltava àquilo. Exceto em um breve momento. Havia acabado de entrar no salão. Uma voz entre uma das cadeiras na parte inferior ─ nas primeiras fileiras. Não tinha total certeza se as palavras vinham para mim. Mesmo assim, busquei sua origem.
"
Ei cara, tem como me passar a matéria de hoje?", foi tudo o que ouvi.
O corpo se encontrava bem próximo de mim. A aparência me era comum. Fisionomia de um possível atleta ─ ou no mínimo alguém se que preocupava com o físico ─ e cabelos em um branco acinzentado. Não era algo comum e nem fácil de se esquecer. Associei logo. Shane era seu nome. O líder de mais uma das fraternidades. Não lembro de tê-lo visto em momento algum na aula de
direito penal, mas sua face havia sido memorizada da reuniões que envolviam reuniões com todos os líderes. Além do que, lembro-me de vezes em que ele se metera em algumas certas confusões. Claro, típico de um membro da "PTG".
─ É sério que não tem o material das aulas? O cronograma foi enviado à todos, se não estou enganado. ─ Comentei, ajeitando a mochila nos ombros e por fim guardando o celular.
─ Pelo visto, você não deve ter tido o trabalho de ver. Enfim, eu tenho a impressão. ─ Encostei a mochila sobre uma das mesas, abrindo-a e removendo algumas folhas encontradas dentro de um pasta. O entreguei, expandindo o lábios ao dar um sorriso. Uma clara forma de simpaticismo.